JOSÉ ALVARES DE OLIVEIRA
José Alvares de Oliveira, de origem portuguesa, destacou-se na história antiga de São João del-Rei por sua intensa participação na vida da comunidade em quase toda a primeira metade do século XVIII e, principalmente, por ter escrito uma longa e detalhada memória dos fatos ocorridos em sua época: as descobertas do ouro, o estabelecimento do arraial, as lutas entre paulistas e emboabas, a criação e o desenvolvimento da vila. Narrou acontecimentos e circunstâncias com particularidades de quem foi testemunha e personagem das mais ativas, muito embora nem sempre com isenção de ânimo quando se referia aos paulistas, dos quais, sente-se claramente, tinha acirrada ojeriza.
Sua narrativa, também publicada na coletânea Relatos Sertanistas (Taunay, 1981, p. 93-123), ocupando alentado espaço (quase trinta páginas), é encimada, como era costume na época, por um título derramado: História do Distrito do Rio das Mortes, sua descrição, descobrimento de suas minas, casos nele acontecidos entre Paulistas e Emboabas e criação das suas vilas. Nessa região, naqueles tempos, onde predominavam homens rudes, de escassa ou nenhuma cultura, Alvares de Oliveira foi uma exceção. Na introdução do seu trabalho revela-se bem informado, com conhecimentos da história e da geografia e sabedor das técnicas de navegação. Seu registro, somado ao de José Matol, representou a base mais importante para o entendimento das origens de São João dei-Rei.
Nos episódios da Guerra dos Emboabas foi capitão de uma das companhias que defenderam as fortificações do Arraial Novo. Com a eleição da primeira Câmara da vila, ocupou o cargo de procurador, que corresponderia hoje ao de prefeito. Teve ainda promoção ao posto de sargento-mor. Em 1719 foi eleito juiz-ordinário do Senado da Câmara e finalmente, em 1751, para o cargo de fiscal da Real Casa de Fundição de São João dei-Rei, que recusou, sob alegação de moléstia e avançada idade.
GUIMARÃES, Geraldo. São João del-Rei - Século XVIII - História sumária.
1996, págs. 104, 105.