FRANCIS (DE LA PORTE, CONDE) DE CASTENAU

Naturalista francês: 1812-1880. Obra: O Brasil em 1845 Esteve em São João del-Rei em 1845.

Crítica: Um pequeno texto que é uma síntese de reportagem, onde, infelizmente, já antevê o fim do glorioso passado são-joanense.

Se nos desviarmos da estrada que leva diretamente do Rio a Ouro Preto, podemos visitar uma cidade interessante: São João del-Rei. Na opinião de alguns viajantes a posição e o clima de São João del-Rei oferecem vantagens inestimáveis que deveriam fazer com que esta cidade fosse escolhida para capital do Império do Brasil. Em São João del-Rei foi fundada a única fiação de algodão do Império; essa fábrica não se agüentou muitos anos. Os seus produtos não puderam concorrer com a mercadoria estrangeira. As minas de ouro de São João del-Rei, tão famosas antigamente, estão abandonadas. Há, apenas, um pequeno número de negros livres cuja ocupação é lavar a areia trazida pelas grandes chuvas, para dela retirar pequenas parcelas do metal precioso. Raramente encontram quantidade suficiente para compensar o trabalho. A extração de ouro não é mais um meio de vida e, por isso, agricultura substituiu para os habitantes da cidade a busca do ouro. Uma companhia inglesa, formada para exploração das minas nas proximidades da cidade, gastou mais de setecentos mil francos sem obter resultados, e desistiu de prosseguir nos trabalhos porque o veio de ouro não dava para cobrir as despesas. São João del-Rei não sendo passagem das caravanas, cada vez perde mais a sua importância. A população ativa se afasta de lá para se estabelecer em outras cidades (O Brasil em 1845. Trad. de Márcia de Moura Castro. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1957. p. 96).

Naturalista inglês: 1808-1894. Obra: Viagem de um naturalista inglês ao Rio de Janeiro e Minas Gerais 1833 - 1835). Esteve em São João del-Rei em 1835.

Crítica: Sua apreciação sobre nossa cidade pouco ou nada acrescenta ao que já haviam escrito os visitantes que o precederam.

Alcancei São João del-Rei no dia 20, depois de uma viagem de nove horas, de Lagoa Dourada, e lá fiquei todo o dia seguinte. Uma cidade menor que Ouro Preto, porém mais limpa e melhor construída, as ruas mais largas, mais regulares e melhor calçadas e as casas de um aspecto bem mais moderno. E situada num vale, ao pé de colinas nuas rochosas, de pouca altura, e no meio do qual corre um pequeno rio raso, atravessado por duas boas pontes de pedra. A população, dizem que se eleva a mais de 6.000 habitantes e a altitude é de 2.726 pés acima do nível do mar. Uma grande quantidade de ouro foi outrora obtida aqui, mas essa fonte de riqueza há muito tempo esta esgotada, apesar de que às vezes ainda se vêem uns poucos dos habitantes mais pobres lavando o cascalho do rio. O comércio desse lugar é considerável, pois fica na estrada real de São Paulo a Ouro Preto, e também numa, se bem que a menos freqüentada, das duas estradas desta última cidade ao Rio (Viagem de um naturalista inglês ao Rio de Janeiro e Minas Gerais. Trad. de Helena Garcia de Sousa. Belo Horizonte: ltatiaia; S.Paulo: Edusp, 1981. p. 96).

Texto retirado do livro "Santos Negros e Estrangeiros" de Antônio Gaio Sobrinho.


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