CARL SEIDLER

Militar mercenário e aventureiro alemão: Obra: "Dez anos no Brasil". Esteve em São João del-Rei com a comitiva de D. Pedro I, em 1830.

Crítica: "Obra de um observador de condições modestas, que escreve o que sente e o que sentem os que o cercam, que diz exatamente o que anda na boca do povo, embora por esse modo muitas vezes se afaste da verdade ou deturpa os acontecimentos" (Cel. F. de Paula Cidade).

São João, se não é a capital da Província de Minas Gerais, é, contudo, por muito, a mais rica e maior povoação dessa região rica e grande, como também a mais importante pelo seu muito desenvolvido comércio. Seus habitantes, pelo menos os abastados, são quase todos portugueses natos, cuja influência é notória sobre a população da província, pois que quase todos os moradores do interior devem aos negociantes de São João e, por isso, em muitos sentidos lhe são sujeitos. Dom Pedro raciocinou muito acertadamente em conduzir sua viagem a começar por aqui pois era natural que contasse mais seguramente com o ativo apoio a seus projetos por parte dos portugueses ricos e seus sequazes. E a recepção desmedidamente brilhante e dependente de enormes custas que aqui lhe fizeram dava testemunho da lealdade que em geral nessa região nutriam, ou pareciam nutrir, pela sua pessoa. Com toda a cautela e reserva o imperador foi chamando à sua presença, de dia e de noite, os homens mais notáveis da localidade e com eles se aconselhou sobre os melhores meios e modos, violências e golpes, com que se poderia mais seguramente obviar a tempestade iminente, que ameaçava não somente a ele mas também a todos os portugueses residentes no Brasil (Dez anos no Brasil. Trad. de General Bertholdo Klinger. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980).

Texto retirado do livro "Santos Negros e Estrangeiros" de Antônio Gaio Sobrinho.


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Críticas e Dúvidas

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